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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Campo Grande terá 32 mil casas borrifadas após 199 casos de leishmaniose em humanos
O número de casos confirmados de leishmaniose visceral humana chegou a 199 no ano passado em Campo Grande, segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). Desse total, três pessoas morreram vítimas da doença.
Comparado com 2010, foram confirmados 20 casos a mais em 2011, apesar do número de óbitos ter caído de sete para três de um ano para outro. No início deste ano, oito casos suspeitos estão sendo investigados.
Com o objetivo de prevenir a transmissão da doença para humanos, 70 agentes de saúde do CCZ (Centro de Controle de Zooneses) vão borrifar inseticida em 32 mil residências em oito bairros da cidade.
O gerente técnico do Programa Leishmaniose-Vetor do CCZ, Eliaze Luizo Guimarães, disse que a aplicação do veneno é feita em determinadas regiões com base nos casos registrados nos últimos três anos.
“O inseticida tem como objetivo minimizar o contato do vetor [mosquito] com outras pessoas, para que não entrem nas casas e se alimentem de sangue humano”, explicou Guimarães, que complementou ainda que os cães não ficam protegidos pela borrifação por viverem nos quintais.
Neste mês, os agentes estão borrifando moradias nos bairros Lageado e Santo Amaro. Até abril, o trabalho será feito também no Aero Rancho, Coronel Antonino, Vila Nasser, Jardim Panamá, Vila Popular e Tiradentes. Essas regiões foram selecionadas por terem apresentado maior incidência de casos de leishmaniose.
Visita dos agentes - Nesta terça-feira (24), agentes do CCZ visitaram casas na Vila Almeida, região noroeste de Campo Grande. A supervisora de área, Vanuza dos Santos, detalhou o procedimento.
“Se o morador autorizar, o agente entra e orienta que tem que afastar móveis, cobrir objetos e alimentos. Depois, ele prepara a bomba e aplica o veneno na parede de dentro e de fora da casa.”
Depois que o veneno é aplicado, os moradores da residência devem aguardar pelo menos uma hora para entrar e limpar. De acordo com Vanuza, o efeito do inseticida dura aproximadamente quatro meses e pode matar ou espantar outros tipos de bichos, como baratas e formigas.
O gerente de controle da leishmaniose do CCZ ressalta a importância das pessoas deixarem o agente de saúde entrar na casa e fazer a borrifação.
“É uma ação importante para evitar contato do mosquito com pessoas. Muitos acabam recusando porque é um trabalho que traz transtornos ao morador, pois tem que desarrumar a casa, cobrir móveis, ficar fora da casa ainda uma hora depois”, destacou Guimarães.
A doença - Conforme o Ministério da Saúde, a leishmaniose visceral é uma doença infecciosa, mas não contagiosa, causada por protozoário da família Tripanosoma, gênero Leishmania e espécie Leishmania chagasi.
A transmissão ao homem ocorre por meio da picada de fêmeas de flebotomíneos da espécie Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi, conhecidos popularmente como ‘mosquito-palha, birigui, asa branca, tatuquira e cangalhinha’.
Os sintomas mais frequentes são febre e aumento do volume do fígado e do baço, emagrecimento, complicações cardíacas e circulatórias, desânimo, prostração, apatia e palidez. Pode haver tosse, diarreia, respiração acelerada, hemorragias e sinais de infecções associadas. Quando não tratada, a doença evolui podendo levar à morte até 90% dos doentes.
Frentes contra a leishmaniose - Segundo o CCZ, o combate à leishmaniose está alicerçado em quatro frentes: diagnóstico precoce, controle do reservatório (cão doméstico), controle do vetor e educação e saúde (mudança de hábitos).
Guimarães lembrou que a principal ação de controle do vetor é a ambiente, pois o mosquito se reproduz em matéria orgânica. “Infelizmente, os terrenos e as casas estão cheias de folhas e frutos no quintal, sem limpeza adequada”.
A população deve manter o quintal limpo e não jogar lixo nos locais públicos. Inclusive, uma praça na rua Colorado, Vila Almeida, foi flagrada pelo Campo Grande News com mato alto e material orgânico acumulado, que podem contribuir na proliferação do mosquito-palha.
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