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terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Farmacêuticas juntam-se para combater doenças tropicais negligenciadas
Meta de oito anos para erradicar e controlar males
30.01.2012 - 20:49 Por Nicolau Ferreira
Bill Gates, nesta segunda-feira, na reunião em Londres (Suzanne Plunkett/Reuters)
As maiores farmacêuticas do mundo juntaram-se a organizações de saúde, fundações e estados para combater dez Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) que afectam 1400 milhões de pessoas. Até 2020 estas farmacêuticas vão dar 14 mil milhões de doses de medicamentos para o tratamento destes problemas, esperando que, por essa altura, as doenças estejam erradicadas ou controladas.
A parceria prometeu mais de 598 milhões de euros para a investigação de medicamentos para problemas sanitários como a doença do verme da Guiné, a doença do sono ou a lepra. Algumas das dez doenças não matam mas deixam os doentes cegos ou incapacitados.
“Com este impulso, estou confiante que quase todas estas doenças vão ser eliminadas ou controladas por volta do fim da década”, disse Margaret Chan, em comunicado, directora da Organização Mundial de Saúde.
O encontro, chamado de “União pelo Combate às Doenças Tropicais Negligenciadas” aconteceu nesta segunda-feira em Londres. Treze farmacêuticas estão envolvidas: Abbott Laboratories, AstraZeneca, Bayer, Bristol-Myers Squibb, Eisai, Gilead Sciences Inc, GlaxoSmithKline, Johnson & Johnson, Merck KgaA, Merck & Co., Novartis, Pfizer e Sanofi.
A Fundação Bill e Melinda Gates deu o maior donativo para o programa de 276,6 milhões de euros ao longo de cinco anos. O Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido deu 232,45 milhões de euros e a Agência Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos deu 67,83 milhões de euros, além de já ter investido 161,55 milhões de euros desde 2006.
“Hoje juntámo-nos para aumentar o impacto do nosso investimento e continuar o tremendo progresso feito até à data”, disse Bill Gates, num comunicado.
Estima-se que 500 milhões de crianças sofram com estas doenças. Muitas acontecem em locais de difícil acesso da África subsariana, do Sudeste asiático ou da América Latina. A iniciativa Drogas para as Doenças Negligenciadas aplaudiu a iniciativa ao mesmo tempo que pediu para que se apostasse na investigação e desenvolvimento de novas drogas.
“Para algumas das DTNs, especialmente aquelas com um rácio maior de morte como a doença do sono, a doença de Chagas, a leishmaniose, o controlo ou a erradicação destas doenças só vai ser alcançável com um maior compromisso à Investigação e Desenvolvimento”, disse Bernard Pécoul, director-executivo da iniciativa. “Novas drogas e novos diagnósticos são necessários com urgência para melhorar o tratamento de doentes, responder aos desafios da resistência aos químicos, e aumentar as hipóteses de se obter a eliminação das doenças”.
Neste sentido, as farmacêuticas prometeram ainda disponibilizar os dados de investigação que já têm para promover a descoberta e produção de novos medicamentos.
A lista de doenças reúne o tracoma, uma doença bacteriana que causa cegueira, a lepra, que afecta 213.000 pessoas em 17 países, a doença de Chagas, endémica na América Latina, a doença do sono, a leishmaniose, o verme da Guiné, a elefantíase, a cegueira dos rios, a bilharzíase e a framboesia. A maioria destas doenças são causadas por parasitas.
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