Grande Otelo

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Tela feita pelo grafiteiro CRÂNIO, em apoio à campanha.

Apoio de várias celebridades

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Hebe Camargo num lambeselinho em Grande Otelo, mascote da campanha.

domingo, 20 de abril de 2014

SAÚDE
LEISHMANIOSE
Problema, considerado uma das sete endemias mundiais de prioridade absoluta da OMS, vem ocorrendo com mais intensidade de dois anos para cá, com o reaparecimento de novos casos

por MARCELO ROBALINHO

De uma doença típica do interior e de áreas desmatadas, a leishmaniose passou também a ser comum nas cidades do perímetro urbano. O problema, considerado uma das sete endemias mundiais de prioridade absoluta da Organização Mundial de Saúde (OMS) e que afeta de 1 a 2 milhões pessoas por ano, vem ocorrendo com mais intensidade de dois anos para cá, com o reaparecimento de novos casos no Brasil. Só nesse período, no Estado de São Paulo, duas pessoas morreram e 30 foram contaminadas pela leishmaniose do tipo visceral, a mais perigosa de todas, que ataca o sistema imunológico e pode matar, caso não seja diagnosticada precocemente. Já a forma tegumentar (cutânea) da doença, embora não mate, causa lesões na pele e nas mucosas, às vezes deformantes, e que também requer atenção e cuidados.

As duas formas transmitidas por intermédio do flebótomo, o mosquito vetor da doença. Os focos mais comuns são o cachorro e o gambá doentes, que são hospedeiros do parasita da leishmaniose. O homem, porém, só é contaminado pelos insetos que picaram esse animais. Por isso, é preciso estar atento e verificar se existem lesões na pele do cão, que são um dos sinais indicativos da doença. “O número de casos da leishmaniose tem crescido, nos últimos anos, por causa da piora das condições sanitárias e ambientais das cidades, do aumento da densidade populacional, que aproxima mais as pessoas e favorece o contágio, e da falta de ações de saúde mais eficazes para controle dos vetores e dos reservatórios da doença”, atesta a professora do Departamento de Medicina Clínica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutora em Doenças Infecciosas pela Universidade de São Paulo (USP) Heloísa Ramos Lacerda de Melo.

Um dos problemas da leishmaniose, no entanto, é que, logo no início, os sintomas são pouco aparentes, principalmente na forma visceral. “As manifestações como anemia, fraqueza e febre podem ser confundidas com outras doenças ou mesmo pouco valorizadas pela pessoa. Numa fase mais avançada, quando o fígado e o baço estão bastante aumentados, o crescimento do abdômen pode ser confundido com a esquistossomose”, adianta Heloísa. Assim, febre prolongada, fraqueza e perda de peso, além do aumento do abdômen, devem ser percebidos logo de início, já que o diagnóstico precoce tem como objetivo evitar o intenso efeito sobre o sistema imunológico.

“Muitas vezes, os pacientes morrem em decorrência de infecções, sobretudo a pneumonia, devido à queda das defesas do organismo provocada pela ação do protozoário no sistema imunológico. Outras vezes, devido a intensos sangramentos por falta de fatores de coagulação (plaquetas). Essas complicações, entretanto, só ocorrem em fases mais avançadas, isto é, geralmente após meses de doença”, informa a médica. Por isso, os médicos recomendam que o controle com exames e consultas médicas seja feito até seis meses após a alta, para ter certeza da efetividade do tratamento.

No caso da leishmaniose tegumentar, que costuma atacar mais os adultos residentes nas áreas rurais, o parasita age de forma localizada, causando geralmente lesões na pele. Por isso, deve-se ficar atento a feridas profundas e arredondadas que começam pequenas e vão aumentando progressivamente. Elas aparecem geralmente nas áreas expostas, como na face, nas pernas e nos braços, sem um trauma prévio no local. “Para as formas cutâneas, o tratamento é feito em ambulatórios e o diagnóstico, por meio de biópsia do local afetado”, explica Heloísa Ramos, que também é médica do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas (HC).


Fonte : UOL

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