04/02/2017 10:43
Nova fase do CCZ pode mudar cultura de 'tirar o cão e deixar o mosquito'
André Luis Soares da Fonseca deve ser nomeado em breve e quando assumir o órgão quer conscientizar a população quanto ao uso de telas na janela; reduzir a população canina, implantar sistema de consultas e a carrocinha do bem
Christiane Reis
O CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) está prestes a uma mudança na forma de atuação, com o novo coordenador que vai responder pelo órgão. Como primeiras ações, está o Pronto-Atendimento veterinário para realizar consultas aos animais. Também é meta aumentar a campanha de castrações e conscientizar a população para que foque na eliminação do mosquito causador da leishmaniose e não no extermínio de cachorros.
Médico-veterinário, advogado e professor universitário, André Luís Soares da Fonseca, aguarda documentação de cedência para o município, o que na estimativa dele deve levar pelo menos mais uns 15 dias. Enquanto isso, o que não faltam são projetos.
André pretende atuar em um sistema que resume como engrenagem. “Temos de reduzir a população canina, que hoje está estimada em 162 mil cães e pretendemos chegar a 80 mil em três anos, realizando o trabalho de castração. Já existe o levantamento dos bairros com maior população de animais que estão na rua, não digo cães de rua, mas aqueles que pelo fato da casa não ter muro acabam ficando na rua”, disse André Luis da Fonseca.
Nesse caso, o trabalho será feito no âmbito da 'Carrocinha do Bem', que consiste em buscar os animais nos bairros apontados pelo levantamento, castrar no CCZ e devolver ao dono. “Queremos atingir a meta de realizar 100 castrações por dia”, disse. Para isso, além dos quatro veterinários que já atuam no órgão, mais quatro serão contratados. Ele não detalhou o levantamento, mas apontou o Jardim Noroeste como um dos bairros com grande número de animais.
Outra ação que deve iniciar assim que assumir é o Pronto-atendimento Veterinário, não será um hospital, segundo informou, por que não haverá condições de se fazer tratamentos mais complexos. A ideia é realizar um sistema de consultas e manter alinhada a conversa com as coordenações de saúde, quanto à questão de medicamentos.
Além disso, por meio do CCZ Legal, ele pretende estende o horário para adoção de animais. Hoje é possível adotar apenas no horário das 17 às 19 horas. A ideia de André Luis é fazer isso em período integral.
Conscientização – Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), a metodologia estatística feita pelo CCZ aponta prevalência real da leishmanioses em 20,14% da população canina de Campo Grande, que hoje é de 162 mil animais.
Na leitura de André Luis da Fonseca é preciso que a população entenda que a leishmaniose é uma doença vetorial, “o que ocorre é que a população retira o cachorro e não elimina o mosquito que é o responsável pela transmissão da doença”, disse André Luis da Fonseca. Ele apontou também que estudos recentes apontaram que de cada dez pessoas infectadas pela leishmaniose oito não tinham cachorro em casa.
Outro detalhe é com relação à amplitude de voo do mosquito, que varia de 200 metros a 2 quilômetros, depois de infectado o mosquito leva de 5 a 7 dias para poder infectar alguém. Sabendo disso a população precisa se proteger e não é do cachorro e sim do mosquito. Como? A primeira recomendação é um hábito antigo, comum em fazendas, telas nas janelas.
“Nós estamos em uma cidade quente, então nas casas que não têm ar-condicionado, as pessoas tendem a deixar a janela aberta, se a janela estiver com tela, o mosquito não vai entrar”, recomenda.
Outra recomendação é criar o hábito de usar roupas compridas de tecidos leves, como forma de se proteger também.
Proteção – A reportagem visitou o Jardim Noroeste, um dos bairros apontados como sendo com grande número de animais. Em uma volta rápida pelo bairro foi possível verificar que alguns moradores já usam telas para se proteger dos mosquitos.
Na casa do auxiliar de açougueiro, Augusto Ribeiro Santana, 21 anos, as telas estão nas janelas do quarto e do banheiro. “ Eu moro aqui há dois meses e quando vim as telas já estavam instaladas. Gostei bastante porque posso deixar a janela aberta que não entra mosquito. Quanto a isso me sinto protegido”, disse.
Perto da casa dele a operadora de caixa, Simeia Oviedo, 30 anos, também mantém na cozinha industrial telas nas janelas e na porta. “Aqui fazemos salgados e colocamos as telas para não entrar insetos mesmo. Mas vamos reformar a nossa casa e vamos colocar em todas as janelas, porque realmente é algo que funciona”, disse.
Já a dona de casa Renata Cristina Vicente da Silva, 33 anos, gostou da ideia da Carrocinha do Bem. “ Acho uma ótima ideia, porque a minha cachorra em um ano já teve duas crias. Na última nasceram quatro cachorrinhos, sendo que dois morreram. Ainda bem que consegui encontrar gente responsável para ficar com os outros dois”, contou.
Ela tem dois cachorros , durante o dia, eles costumam ficar em frente de casa, na calçada. À noite ela guarda os cães.
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