Diagnóstico da doença é criterioso e ainda não está concluído
A Secretaria de Saúde por meio do Departamento de Vigilância Epidemiológica recebeu entre os dias 13 e 14 deste mês, resultados laboratoriais positivos para leishmaniose visceral canina, configurando o início de diagnóstico da doença em seis cães de proprietários residentes no Videira e Vale das Laranjeiras, na região de Itaici. Os procedimentos para o diagnóstico final da doença são extensos e ainda não estão concluídos.
A cautela na divulgação das informações é orientada pela Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) do Governo do Estado de São Paulo, já que os dados não são conclusivos. O objetivo é evitar o sacrifício indiscriminado dos animais. Diante de casos suspeitos, a população pode ligar para os telefones 3834-9207 ou 3834-9297 para solicitar apoio e obter orientações profissionais.
De acordo com a Sucen, uma norma técnica do Ministério da Saúde determina que o diagnóstico somente seja finalizado após pesquisa de isoensima, exame específico realizado pelo laboratório Bio-Manguinhos, Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que verifica a presença da leishmaniose chagasi. Antes da conclusão deste exame não é possível fechar o diagnóstico para a doença.
Na próxima semana, técnicos da Sucen em parceria com o Departamento de Vigilância Epidemiológica programaram a realização do inquérito entomológico, que consiste na colocação de armadilhas em lugares estratégicos com o objetivo de capturar amostras de flebotomínios, mosquito transmissor da doença. Os insetos capturados serão encaminhados para análise.
Na primeira semana de abril será realizado inquérito canino por meio da coleta de amostras de sangue de aproximadamente 100 cães da região para teste rápido. Posteriormente poderão ser realizados testes complementares. Os proprietários dos animais diagnosticados com a doença serão orientados a colocar no cachorro uma coleira repelente do vetor.
Segundo o veterinário e diretor departamento, Odenir Sanssão Pivetta, após a obtenção dos resultados dos exames serão tomadas medidas técnicas para cada situação. “Após o diagnóstico conclusivo estamos planejando também reuniões com os médicos veterinários do município para esclarecimentos sobre a doença e ações a serem tomadas e também com os moradores das regiões afetadas”, explicou.
Para ele é preciso muita cautela quando existir a suspeita de leishmaniose. “Infelizmente alguns veterinários ao suspeitarem da doença já recomendam a eutanásia do animal, algo que o próprio Ministério da Saúde condena. O sacrifício do cão somente é recomendado em casos muito específicos e após a realização de todos os procedimentos que confirmem o diagnóstico”.
Ele salienta que o Departamento de Vigilância Epidemiológica de Indaiatuba segue o Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral Americana do Estado de São Paulo.
Leishmaniose Visceral
A leishmaniose visceral era considerada uma zoonose de caráter eminentemente rural. No entanto, recentemente vem se expandindo para áreas urbanas de médio e grande portes e se tornou problema de saúde pública no país e em outras áreas do continente americano. É uma doença crônica, sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, perda de peso, fraqueza e anemia, dentre outras manifestações. Quando não tratada, pode evoluir para óbito.
Na área urbana, o cão é a principal fonte de infecção e precede a ocorrência de casos humanos. Os agentes etiológicos da leishmaniose são protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania. Nas Américas a Leishmania chagasi é a espécie comumente envolvida na transmissão da zoonose.
No Brasil, duas espécies, até o momento, estão relacionadas com a transmissão da doença, Lutzomyia longipalpis, considerada a principal espécie transmissora da Leishmania chagasi, e Lutzomyia cruzi. A forma de transmissão ocorre através da picada dos vetores, insetos denominados flebotomíneos, conhecidos popularmente como mosquito palha, tatuquiras, birigui, entre outros.
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