A Leishmaniose Visceral Continua em Pauta
Edu Marcondes
Até dia 26 de Novembro de de 2011 - Dia do Semiário de Leishmanioses do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul (CRMV-MS), havia prometido a mim mesmo que não debateria mais o tema leishmaniose visceral publicamente. Contudo não pude recusar o convite feito pela comissão estadual de Mato Grosso do Sul, em nome da presidente do CRMV-Ms, para apresentar a realidade que vivemos em Dourado-Ms.
Muito bem, certamente a apresentação estava cercada de espectativas de minha parte sobretudo pelo histórico recente dos níveis acalorados de debates sobre o tema. Contudo exatos 2 dias antes ainda em Dourados-Ms pude assistir a apresentação do coordenador da comissão estadual onde pude me certificar que tinhamos tudo para de fato começar a avançar, no que mais interessa - o controle da doença.
Ficou batante claro naquele momento que o a assunto, se observado pela ótica de quem quer de fato resolver o problema sem tirar proveito pessoal, que todos estavam falando a mesma coisa porém com visões especificas e sem conseguir compartilhar as experiencias para o avanço concreto no controle da doença. Isso me deixou bastante mais aliviado, visto que no passado recente acabei expondo em demasia minhas opiniões e portanto tinha receio de como seria a receptividade no evento.
Passados já alguns dias do evento posso sentir, que esse pode ser o momento para tentarmos criar uma mesa de fato redonda e democrática para que todos, sem distinção contribuam para o controle efetivo da leishmaniose, incluindo-se ai o controle dela nos cães.
Como fazer isso; Confesso que a cada dia que passa tenho mais convicção de que não existe um modelo único e que ninguem envolvido está totalmente correto. Todos falamos as mesmas coisas: Que o cão é tão vítima quanto os humanos, que o poder público não está preparado para o controle efetivo (assim como não está para Dengue, Febre do Nilo, e outros doenças vetoriais), que devemos focar nosso controle no vetor e no meio ambiente, que nenhuma das ações de controle e de diagnóstico é 100% eficiente (assim como não é em humanos), efim, uma série de verdades que todos os segmentos sabem, concordam, mas não conseguem propor ações conjuntas para solução.Todos sabem também que a doença, é diretamente relacionada com o meio ambiente e condição sócio economica da população.
Diante desse emaranhado de afirmações acabamos verificando, alguns segmentos agindo de forma desconectada e se defendendo como podem, senão vejamos: O poder público (e diga-se, especificamente CCZ´s) faz o que está ao seu alcance técnico e material, realizando inquéritos e eutanásias e acaba por não reconhecer o empenho dos outros; Os laboratórios também fazem o que está alcance e pesquisam cada vez mais profundamente formas de desenvolver vacinas e medicamentos para proteger os cães, mas não consegue sensibilizar o poder público; Alguns clínicos e pesquisadores, desenvolvem protocolos de tratamentos para cães como forma de não descumprirem a portaria do M.S que limita o uso de drogas humanas nos cães, mas também não conseguem o aval do ministério da saúde.
Felizmente na contra mão dessa realidade pude vivenciar no Seminário momentos em que pela primeira vez todos esses segmentos estiveram juntos. As diferente opiniões e pontos de vista foram manifestados, porém sem aquele inflame de outrora. Disse na oportunidade e posso dizer novamente, talves tenha sido o primeiro passo para que possamos entender que todos devem se ajudar, pois, quanto mais desenvolvida as vacinas estiverem melhor; Quanto mais testado e mais seguro forem os protocolos de tratamento melhor; Quanto mais seguros forem os métodos diaganóstico melhor; Quanto mais efetivo na melhora das condições ambientais e de infra-estrutura urbana o poder público for melhor. Ai sim estaremos protegendo de fato nossa população, e nossos cães da Leishmaniose.
Precisamos támbem criar a consciencia de que para os CCZ´s, carregar o fardo do controle das doenças vetoriais sozinho, em nome do poder público certamente é antes de tudo injusto. Ele é apenas um órgão de vigilância da ponta de uma grande hierarquia que vai até o Ministério da Saúde, e geralmente com quase nenhuma autonomia, com faltas regulares de equipamentos e insumos e com poder de ação bastante limitado, ao controle quimico e mecânico de focos de vetores (Setor de Controle de Vetores) e ao controle animal (Setor de Veterinária), de forma que outros agentes como serviços urbanos, planejamento, obras e os próprios gabinetes de gestores é quem deveriam assumir o controle das doenças vetorias como programas efetivos.
Ficar os segmentos envolvido discutindo entre si, não os levará a lugar algum, pois quem interessa de fato que é o gestor público, não fica nem sabendo e pior, maior parte das vezes sabe e torce para que discussão fique como está, pois não os dará o trabalho de resolver as questões estruturantes que envolvem essas epidemias - O desenvolvimento urbano e social de nossas cidades. E nesse ponto o CRMV-MS, de fato deu um passo adiante pois se seguirmos nesse rumo poderemos juntar os técnicos de saúde pública, os laboratórios, os clinicos e propormos juntos um grande programa nacional de controle em que todas as possibilidades possiveis e imagináveis de controle, sejam executadas (já nenhuma sozinha é totalmente eficaz, que usemos todas) dentro das margens de segurança e com todos os critérios de cuidados empregrados.
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