Publicação: 26/11/2011 09:48 Atualização: 26/11/2011 11:05
Diversas pessoas perderam animais de estimação por causa da leishmaniose na QI 25 do Lago Sul nas últimas semanas. Apenas no Conjunto 7, em menos de dois meses, três cães foram sacrificados. A comunidade cobra do poder público mais informações e ações preventivas, a exemplo das campanhas de combate à dengue. A leishmaniose já contaminou 296 animais entre janeiro e setembro deste ano. O último boletim epidemiológico divulgado pelo Núcleo de Controle de Endemias, Doenças Transmissíveis e Emergentes contabilizou 28 casos confirmados da doença em humanos no Distrito Federal. Desse total, apenas três pessoas contraíram a doença na capital.
A médica Graça Martins, 64 anos, teve de sacrificar os dois cães da família em apenas um mês. O último foi encaminhado para eutanásia há 15 dias. Na clínica veterinária, ela descobriu a ocorrência de três outros casos. Preocupada, ela procurou a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) para notificar o incidente e pedir ajuda. No Centro de Controle de Zoonoses de Brasília, a médica descobriu que o seu era o primeiro caso registrado na região. “Isso não é verdade. Apesar de a notificação ser compulsória, na prática, poucos avisam. A pior consequência dessa conduta é o risco para as pessoas. A leishmaniose é uma doença terrível, mas muita gente não sabe que o homem também pode se contaminar”, alerta.
Para conscientizar os vizinhos, ela distribuiu panfletos pedindo que os donos de cães avisassem as autoridades em caso de diagnóstico positivo para a enfermidade. Graça pediu também que a Dival faça o mapeamento da área para conhecer a real situação da QI 25. Até o momento, no entanto, a pesquisa ainda não foi iniciada. O veterinário da Dival Laurício Monteiro afirmou que a diretoria tem intensa atuação nas regiões onde a doença é considerada endêmica e que o Lago Sul faz parte da rotina de visitas de orientação. A QI 28 foi a primeira a ter registros de leishmaniose na cidade este ano.
Em agosto, a funcionária pública Natália Soares Carreiro, 46 anos, levou os dois cachorros para vacinar e o veterinário notou nódulos próximos aos olhos da labradora Mel, o que despertou a suspeita de leishmaniose. Em dois meses, veio a confirmação. A cadela definhou: perdeu peso e pelos, as unhas cresceram rapidamente, ficou com feridas abertas e os olhos enegreceram. “Quando chegou o resultado, não foi difícil sacrificá-la, já que ela estava passando por tamanho sofrimento”, lembra.
Ao comentar com outras pessoas sobre o caso, Natália constatou que muitos vizinhos haviam perdido animais por causa da doença. Ouviu também donos de cães com diagnóstico positivo afirmarem que não os sacrificariam. “É um absurdo. As pessoas precisam estar conscientes de que manter um cachorro neste estado representa um risco não só a outros animais, mas, principalmente, aos seres humanos”, lamenta a funcionária pública. Depois da morte de Mel, ela não pretende comprar outro cachorro. Agora, só há espaço para o gato, Beto.
Somente depois da experiência, Natália descobriu que o ideal é que o canil seja mantido em local ensolarado, seco e que folhas e frutas sejam recolhidas do jardim. A Dival realizou, em 2008 e em 2009, uma pesquisa por amostragem no Lago Norte e constatou que a média é de 1,14 mosquito por casa. A veterinária Maria do Socorro Laurentino de Carvalho, especialista no vetor da leishmaniose, explica que a época de chuvas e de temperaturas altas aumenta a infestação do inseto, portanto, o cuidado deve ser reforçado.
Do Correio Braziliense
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