18/10/2011
Saúde Pública - médicos
Vamos trazer aqui algumas informações sobre a saúde pública na cidade de Bauru nas primeiras décadas do século XX. Com relação às moléstias que mais atacavam a população, podemos citar impaludismo, tuberculose pulmonar, cancros, tétano, anquilostomose, disenteria, sífilis, febre tifóide, gastroenterites e enterocolites de diversas causas, coqueluche, difteria, lepra, pneumonia, mal de chagas, leishmaniose eram males que causavam muitos prejuízos à saúde das populações do interior do Brasil.
Uma das causas era a falta de limpeza dos quintais e das casas e a existência de fossas que contaminavam os poços que abasteciam as residências. Este problema só poderia ser resolvido quando a cidade tivesse provida de abastecimento de água encanada e potável.
Assim, a melhor medida para a prevenção das doenças era através da prevenção da higiene pessoal e limpeza das casas e inspeção constante dos alimentos consumidos pela população. Trabalho este difícil e realizado pelo inspetor de saúde. Uma medida preventiva adotada em 1917 foi o abate de bovinos e suínos fiscalizado pela Prefeitura. O serviço de inspeção veterinária do gado para abate, assim como o exame da carne e dos diversos órgãos do animal abatido, geralmente não era feito de modo adequado, causando muitas doenças. Na administração de Octávio Pinheiro Brisolla (1918-1921), as providencias com relação aos problemas urbanos, que o prefeito anterior, Luiz Vicente Figueira de Mello, já havia iniciado, foram dados continuidade neste governo, quanto ao serviço de água, matança de cães vádios, a limpeza de terrenos baldios, campanha de vacinação, inspeção na matança de animais para consumo da população visando diminuir os índices de mortalidade no município.
Em 1918 verificamos que as doenças respiratórias tiveram maior frequência na incidência das causas mortis, levando-se em consideração a epidemia de gripe espanhola, nos meses de outubro a dezembro. As doenças infecciosas e parasitárias, como coqueluche, paludismo, tifo, malária, verminoses e ancilostomose alcançaram 21% dos óbitos; a falta de assistência médica apresentou um índice de 18,5%. Índices menores, mas significativos para mortes causadas por doenças relacionadas ao aparelho digestivo, 10,3% e sintomas mal definidos 6,4% por se tratar de óbitos de pessoas desconhecidas ou que faleceram em locais distantes sem oportunidade de se definir a causa mortis.
O número de crianças menores, de um e até dois anos, eram as maiores vitimas de morte 29,8% - 1918, sendo que a maioria falecia sem muita ou nenhuma assistência médica ou hospitar. (18,5% - 1918). O número de óbitos entre pessoas de 20 a 49 anos chegou em 1918 a 34,7%. Na década de 20, contávamos com dois hospitais - a Santa Casa de Misericórdia, desde 1913, e a Sociedade Beneficente Portuguesa, desde 1918. As causas para estes índices elevados era: o município não possuía verbas suficientes para manutenção do serviço de higiene; número insuficiente de delegacias de saúde e de pessoal qualificados. Havia poucos médicos e laboratórios confiáveis e acessíveis, levando sempre muito tempo para diagnosticar as doenças para combatê-las A falta de educação higiênica devido à pobreza e más condições dos trabalhadores rurais e da ferrovia. Neste contexto, encontramos poucos médicos que se dedicavam bravamente para atender a população e ao mesmo tempo orientar e combater a “concorrência” de um elemento muito presente na vida das pessoas: os curandeiros, que eram punidos pelo poder público, mas que persistiam na prática com ervas e garrafadas.
Podemos citar como exemplo, entre outros: Sergio Werneck, Álvaro Sá, Luis Vicente Figueira de Mello, José de Castro Goyanna, Rodrigues Costa, João Braúlio Ferraz, Silvio Miraglia, Alípio dos Santos, que representam homens dedicados a salvar vidas.
Fica aqui nossa homenagem a todos os médicos que lutaram e lutam para tornar real o Direito Constitucional à Saúde para todos. Parabéns. Dia do médico - 18/10.
A autora professora , Marcia Regina Nava Sobreira, é colaboradora de Opinião
Marcia Regina Nava Sobreira
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