Grande Otelo

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Tela feita pelo grafiteiro CRÂNIO, em apoio à campanha.

Apoio de várias celebridades

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Hebe Camargo num lambeselinho em Grande Otelo, mascote da campanha.

domingo, 2 de outubro de 2011

LEISHMANIOSE, DOENÇA NEGLIGENCIADA

A leishmaniose é uma zoonose (doença dos animais que pode ser transmitida ao homem), causada por um protozoário parasita chamado Leishmania. Os animais infectados através da picada de mosquitos flebotomíneos podem ser cães, roedores e os próprios humanos.

A leishmaniose é uma doença difundida mundialmente, presente em 88 países, encontrada em áreas tropicais e subtropicais da Ásia, África e América do Sul, com uma estimativa de mais de dois milhões de novos casos a cada ano, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.

Na América Latina, ela já foi detectada em 12 países e, destes, cerca de 90% dos casos acontecem no Brasil, onde foram notificados, no período de 1990 a 2007, 561.673 casos de leishmanioses, sendo 508.193 (90,5%) casos de leishmaniose tegumentar, também conhecida como úlcera de Bauru, e 53.480 (9,5%) casos de leishmaniose visceral, popularmente chamada de calazar, que é a forma mais severa da doença com acometimento de órgãos como fígado, baço e a medula óssea.

Em 2010, no estado do Ceará, foram notificados 1.027 casos de leishmaniose tegumentar e 527 casos de Leishmaniose visceral, com incidência de 6,9 casos/100 mil habitantes e letalidade de 12%.

Nos últimos anos observou-se tanto o surgimento de novas áreas endêmicas como também a expansão da doença naquelas já existentes. No Brasil, novos casos foram descritos não apenas em zonas rurais, mas também em regiões peri-urbanas e urbanas. A expansão geográfica das áreas de transmissão se deve tanto ao fluxo constante de indivíduos entre regiões endêmicas e centros urbanos, como também ao desmatamento e urbanização não planejada.

O aumento do número de casos de leishmaniose em pacientes imunodeprimidos, principalmente usuários de drogas injetáveis e portadores do vírus da aids tem favorecido a expansão da doença em áreas urbanas.

A leishmaniose é considerada uma das doenças negligenciadas que, por serem típicas de regiões de baixa renda, não despertam o interesse das indústrias farmacêuticas para o desenvolvimento de novos medicamentos.

Portanto, o investimento em pesquisas para o desenvolvimento de ferramentas adequadas para o diagnóstico e tratamento de doenças como leishmaniose, malária, dengue, febre amarela entre outras, ficam a cargo de instituições filantrópicas (54%), e públicas (41%), que não conseguem, na maioria das vezes, dar continuidade a esses investimentos por muito tempo.

Atualmente as técnicas disponíveis para o diagnóstico e tratamento da leishmaniose ainda não apresentam a eficácia e aplicabilidade desejadas, embora relevantes avanços tenham sido alcançados com as pesquisas de novos testes diagnósticos e drogas terapêuticas. As medidas implementadas para o controle da doença mostraram-se incapazes de eliminar a transmissão e impedir a ocorrência de novas epidemias.

Portanto apenas investimentos que valorizem e incentivem pesquisas aplicadas ao combate a leishmaniose, como desenvolvimento de novas drogas e técnicas de diagnósticos eficientes, controle dos vetores (mosquito flebotómos), através de pulverizações ambientais sistemáticas; estudo epidemiológico da doença nas regiões endêmicas; treinamento e capacitação de mão-de-obra técnica e profissional; elaboração de legislação sanitária estadual específica sobre a leishmaniose; informes educativos à população; e melhorias no sistema de diagnóstico e cruzamento de dados em nível nacional e internacional, poderiam permitir o fim dessa doença que acomete centenas de pessoas em áreas carentes do Brasil e no mundo.

Alessandro Taunay Rodrigues biólogo, mestre em bioquímica pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e doutor em biologia molecular pela Universidade de São Paulo (USP).

http://www.opovo.com.br/app/opovo/cienciaesaude/2011/10/01/noticiacienciaesaudejornal,2307714/leishmaniose-doenca-negligenciada.shtml

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