Foco transmissor seria na região leste da Capital, onde 13 animais estão doentes.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou na tarde de ontem a existência de 13 cães infectados por leishmaniose visceral canina em Goiânia (LCV). O teste que diagnosticou a doença nos animais foi feito em 109 cachorros que habitavam os condomínios Aldeia do Vale, Monte Verde e Chácara dos Ipês, na região leste de Goiânia, onde há o foco transmissor. A partir da confirmação, Goiânia passa a ser considerada área de transmissão da LVC e uma série de recomendações serão tomadas (leia no boxe ao lado) para evitar o surgimento de casos em seres humanos.
A diretora de Vigilância em Saúde da SMS, Flúvia Amorim, explica que os cães infectados terão de ser sacrificados, pois não existe cura para o tratamento em animais e essa é uma das medidas preconizadas pelo manual de Vigilância e Controle da LVC do Ministério da Saúde. A investigação que identificou os animais infectados foi feita pela SMS em parceria com a Fiocruz e o Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG). Outros 700 animais que vivem na região leste da Capital devem passar pelo mesmo processo de triagem para verificar se contraíram a doença.
De acordo com a SMS, as principais medidas estão voltadas para o controle do vetor (redução dos mosquitos), do reservatório canino (recolhimento, eutanásia) e o diagnóstico precoce dos casos humanos. “O cão é considerado o principal reservatório da LVC na área urbana. Ele é quem guarda a leishmaniose e possibilita a transmissão através do mosquito para o homem. Essa é uma das medidas de controle que tem resultado em outras capitais e que vamos adotar aqui também”, declara. Segundo ela, se os animais não forem sacrificados, a possibilidade da doença ser transmitida a seres humanos aumenta, pois o contato com cães domésticos é comum. Explica que, como o cão é reservatório da doença, mais mosquitos podem infectar humanos.
O veterinário especialista em saúde, Michel Blezins orienta os donos de cães que não foram infectados a usar coleira especial repelente. Segundo ele, o acessório é eficaz e protege o animal por cerca de seis meses. O produto pode ser adquirido em pet shops e deve ser recomendado por um veterinário.
O manejo ambiental é outra medida que deve ser adotada para controlar a doença. A prática consiste na acomodação correta do lixo orgânico, para que não haja proliferação do mosquito transmissor, diminuindo assim a possibilidade de infectação.
Segundo Flúvia, a SMS já realiza monitoramento em todas as outras regiões de Goiânia para identificar possíveis focos da doença. No entanto, a região leste é o local que receberá o trabalho de controle da secretaria, já que representa área favorável à transmissão da doença por ser propícia ao mosquito transmissor, que prefere lugares com área verde, sombreadas e com matéria orgânica, principal fonte de alimento do mosquito.
Goiânia ainda não havia registrado nenhum caso da LVC, mas a doença já está presente em 21 estados brasileiros. Cerca de 20% dos municípios goianos, no entanto, já registraram a doença. A leishmaniose pode matar até 90% das pessoas acometidas e afeta predominante os homens, com 61% dos casos registrados no país e é mais frequente em crianças menores de 10 anos.
DOENÇA
A contaminação da doença se dá via mosquito - cão - mosquito - homem. Ou seja, o cão não transmite a doença ao ser humano, por contato ou mordida. Os 13 cães infectados e já identificados em Goiânia foram contaminados pelo mosquito transmissor conhecido como “mosquito-palha”, “birigui” e “asa-dura”.
A SMS analisa duas possibilidades possíveis para a contaminação desses animais. “Não sabemos ao certo como ocorreu essa contaminação, até porque Goiânia nunca tinha registrado caso da doença, mas acreditamos que os proprietários desses animais possam ter levado-os para outros locais e eles terem adquirido a doença ou então, os próprios animais podem ter sido comprados em outros Estados e chegado a Goiânia com a doença já contraída”, explica Flúvia.
A doença começa a se manifestar nos humanos, em média, quatro meses após a picada do mosquito. Os principais sintomas são perda de peso, febre, diminuição do apetite, aumento do abdômen, do baço e do fígado, principalmente, provocando inchaço da região.
No cão, Flúvia explica que os sintomas são praticamente os mesmos. É comum o aparecimento de úlceras na pele, fezes sanguinolentas e crescimento exagerado das unhas. A diretora recomenda aos proprietários de animais se atentarem caso eles se adoeçam e procurarem um médico veterinário para diagnosticar o que ele sente. Caso seja confirmado a infecção da doença, a SMS deve ser comunicada imediatamente.
O tratamento nos humanos pode ter cura se diagnosticado precocemente e só é feito pela rede pública de saúde. O veterinário especialista em saúde, Michel Blezins, alerta que ainda não existe vacina para prevenir a doença. No entanto, Flúvia ressalta que todas unidades de saúde da Capital já estão preparadas para prestar atendimento a pacientes. Ressalta ainda que o Conselho Regional de Medicina Veterinária já repassou alerta sobre a doença a todas as clínicas veterinárias da cidade.Saiba maisRecomendações da SMS à região leste (onde há foco da doença)Manter quintais limpos, livres de matéria orgânica como fezes de animais, madeira, folhas, frutas, etc;
Embalar todo o lixo em sacos plásticos bem fechados;
Permitir o acesso das autoridades sanitárias ao domicílio para exame dos cães, bem como recolhimento daqueles que tiveram LVC;
Proteger o cão previamente testado e negativo para LVC, colocando coleira repelente à base de Deltrametrina 4%. Esta é a única medida preventiva recomendada pelo Ministério da Saúde;
Em caso de suspeita, consultar sempre o médico veterinário;
Comunicar a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) caso algum animal esteja infectado;
No caso de confirmação da doença canina, não permitir o tratamento do cão pois, além de ilegal, este procedimento coloca em risco a saúde da família, da comunidade e de outros cães
Fonte: Diário da manhã,Lethícia Ávila
Da editoria de cidades
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