Só no início deste mês Bastos teve quatro casos confirmados de pessoas com leishmaniose. Ao mesmo tempo, o inquérito canino em andamento apurou que dos 2.708 cães já submetidos a exames no Instituto Adolfo Lutz, 140 (5%) contraíram a doença. Dos infectados, 128 já foram sacrificados, conforme determinação do Ministério da Saúde e recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A coordenadora da Divisão de Vigilância à Saúde, Alice Akiko Tanaka, definiu a situação como "muito preocupante". Afirmou que a Secretaria Municipal de Saúde deflagrou uma série de ações para conter o avanço da leishmaniose tanto em humanos quanto em animais e conclamou a comunidade para aderir a essa cruzada.
Com os quatro novos casos confirmados no início do mês, sobe para oito o número de soropositivos entre pessoas e para nove o número de casos de leishmanios, ocorridos desde julho de 2010. Essa diferença é explicada por uma reincidência. Os casos mais recentes são de dois moradores no centro, um no Jardim Esplanada e outro no Jardim Santa Luzia.
São três crianças e um senhor de 67 anos. Uma das crianças é a que contraiu a doença pela segunda vez neste ano – a primeira foi em fevereiro.
Akiko Tanaka explicou que "além de tornar a doença mais aguda, na reincidência o organismo do paciente adquire resistência medicamentosa, o que exige a administração de medicamentos mais fortes". Salientou que a situação é "muito preocupante" e afirmou que "a Secretaria Municipal de Saúde está empenhada e vem tomando todas as providências necessárias para reverter esse quadro".
"Guerra"
Ainda segundo a coordenadora, "a secretaria mantém uma equipe com 35 agentes comunitários de saúde, quatro aplicadores de inseticida, 13 agentes de controle de vetores, além de motoristas e outros profissionais envolvidos diretamente na guerra contra a doença".
Afirmou que há duas frentes de trabalho atuando a um só tempo. Uma responde pelo inquérito canino, que consiste na coleta de sangue de cães para exame e na eutanásia dos animais infectados. A outra é responsável pelo manejo ambiental, ou seja, serviços de podas de arbustos e árvores, limpeza de quintais e lotes.
É justamente neste aspecto que Akiko Tanaka conclama a comunidade para engrossar as trincheiras contra a leishmaniose. "As pessoas podem colaborar com medidas simples, porém decisivas, mantendo quintais e terrenos limpos, sem acúmulo lixo e de matérias orgânicas, como folhas, galhos e restos de madeira, que geram umidade. Esse é o ambiente preferencial do mosquito palha e ideal para sua reprodução", alertou.
Como medida emergencial de combate ao mosquito e de contenção dos casos da doença, a equipe de controle de vetores está aplicando inseticida específico em residências localizadas em raio de 200 metros das casas dos bastenses infectados. "A higienização dos quintais por parte dos moradores e sua permissão para que os agentes apliquem o veneno quando necessário são cruciais para o controle da leishmaniose", enfatizou.
A doença é transmitida pelo mosquito palha, também conhecido por birigui. A transmissão só ocorre em humano quando o mosquito picá-lo depois de picar um animal com leishmaniose.
InquérIto Canino
De acordo com o último balanço da Secretaria Municipal de Saúde, divulgado na semana passada, até o início do mês 2.708 cães já haviam sido examinados e 140 (5% do total investigado) tiveram resultado positivo. Dos animais infectados, 128 já haviam sido submetidos a eutanásia.
A secretaria prossegue com a coleta de sangue em cães na área urbana para encaminhamento das amostras para o Instituto Adolfo Lutz. Esse trabalho, denominado inquérito canino, na atual etapa engloba os jardins Cerejeiras, Delta Ville e América e os parques das Nações e Residencial Vitória.
Os domicílios em que não são encontrados moradores voltam a ser visitados em horários alternados.
O inquérito canino foi deflagrado em dezembro de 2010, depois da confirmação de 15 casos da doença em cães, e terá continuidade até o fim deste ano, para quando está prevista a conclusão da coleta de sangue em todos os animais da zona urbana.
A estimativa da Divisão de Vigilância à Saúde é que o município tenha 7 mil cães. O órgão não tem o levantamento que aponte o número discriminado por zonas, urbana e rural.
Da Tribuna
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