A Superintendência de Pesquisa da Escola de Saúde Pública do Estado (ESP-MG) participa, em colaboração com o Centro de Pesquisa René Rachou (CpqRR/Fiocruz), de estudo para identificar, descrever e analisar aspectos clínicos, imunológicos, epidemiológicos e ambientais relacionados à leishmaniose tegumentar na comunidade indígena Xakriabá, no município São João das Missões, no Norte de Minas. Segundo a analista em Educação e Pesquisa em Saúde, Juliana Santos, a região é considerada área endêmica em relação à doença e problema de saúde pública entre os índios.
A leishmaniose tegumentar caracteriza-se por apresentar feridas indolores na pele ou em mucosas do indivíduo. Se não é tratada adequadamente, pode causar deformação na mucosa nasal e bucal, o que interfere inclusive na vida social do paciente. "Outro agravante é a região de mata onde essa população está inserida. Por lá, você encontra o vetor do parasita, o inseto flebotomínio, que transmite a leishmaniose". Os índios estão inseridos num ambiente que também tem, em abundância, os reservatórios biológicos da leishmania (parasita), como as raposas, cachorros-do-mato, gambá, bicho preguiça, entre outros", diz Juliana.
A pesquisadora explica ainda que, no ambiente silvestre, não há como controlar o vetor e os reservatórios. Já para a leishmaniose visceral, frequente nos centros urbanos, existem ferramentas de monitoramento e controle dos reservatórios.
Desde junho de 2008, a Fiocruz disponibilizou uma equipe para fazer análise do perfil imunológico e clínico da população dos índios, por meio de exames, diagnósticos, tratamento e acompanhamento. A instituição realiza treinamento a longo prazo com a equipe de saúde local, além de colocar protocolo disponível na aldeia, a ser seguido por esses profissionais. "Com esse documento, sempre haverá a possibilidade de levar as informações adiante, mesmo quando a equipe for renovada", acrescenta Juliana.
A ESP-MG será responsável pela pesquisa social, com o objetivo de mobilizar, por meio da educação e orientação, essa população indígena. Os profissionais da educação provenientes da região irão trabalhar com a população local o conceito de leishmaniose, como é transmitida, tratada, ou seja, o ciclo e a prevenção da doença. Em sua primeira visita, a analista da ESP-MG conheceu a área e realizou contato com gestores de saúde e gerência local da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), com o intuito de explicar a implantação do projeto, que começa no próximo mês.
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