Grande Otelo

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Tela feita pelo grafiteiro CRÂNIO, em apoio à campanha.

Apoio de várias celebridades

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Hebe Camargo num lambeselinho em Grande Otelo, mascote da campanha.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Estado de Minas - Gerais: Leishmaniose se alastra em Minas

Leishmaniose se alastra em Minas Número de mortes cresce 128% em Minas na comparação com 2001. Total de casos sobe 278%. Cientistas afirmam que, além dos cachorros, gatos respondem pela transmissão da doença

Luciane Evans -

Publicação: 05/07/2011 06:00 Atualização: 05/07/2011 07:49



A pesquisadora Priscila Rabelo fez testes com felinos e obteve resultados sobre contaminação já observados na Itália
Está prestes a cair por terra o que há muito o Brasil sustenta como a melhor forma de se combater a leishmaniose. A doença, que se alastrou por Minas Gerais nos últimos nove anos, tem feito estragos no estado, dando sinais de que a batalha pode estar perdida. Mesmo apostando na eutanásia de cães para o controle desse mal, numa década o número de casos cresceu 278% em Minas, saindo dos 200 registrados em 2001 e passando para 556, em 2010. Antes, a enfermidade atingia 46 municípios e, em 2010, chegou a 200. Os óbitos mais do que dobraram, passando de 25 para 57, um crescimento de 128%. Neste ano, já são 134 mineiros infectados, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Em Belo Horizonte, até maio, 3 mil cães foram sacrificados. Para especialistas, esses são sinais claros de que o país está dando murro em ponta de faca no controle da leishmaniose, que custa, anualmente, R$ 10 milhões à Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) de BH.

Conheça os perigos da leishmaniosePara apimentar essa antiga polêmica e apontar novos caminhos nessa guerra, uma pesquisa conjunta da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) provou que, nessa história, não só os cachorros são os vilões. Os gatos podem ser também transmissores da doença. Em 2009, a aluna de medicina veterinária da PUC Minas Priscila Fonte Boa Rabelo repetiu o exame de sangue que atualmente é feito em cães em 86 felinos de Belo Horizonte. Em 40% deles o teste foi positivo.

TestesCom a orientação de Sidney Magno da Silva, professor substituto do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, e do professor de doenças infecciosas de cães e gatos da PUC Minas Vitor Márcio Ribeiro, o estudo foi mais longe. “Sete gatos com sorologia positiva para a doença foram testados. Fizemos punção de medula óssea e cinco demonstraram o DNA do parasito. Três foram submetidos ao xenodiagnóstico, que é quando colocamos o mosquitinho para se alimentar no gato. Cinco dias depois, as fêmeas de Lutzomyia longipalpis foram dissecadas e encontramos a forma evolutiva do parasito no seu tubo digestivo”, descreve. “A última fase da pesquisa foi submeter um modelo experimental (hamster) a essas fêmeas de L. longipalpis alimentadas nesses gatos naturalmente infectados, e foi identificada a transmissão, sugerindo a participação do gato no ciclo de transmissão de Leishmania infantum no Brasil”, detalha Priscila, acrescentando que uma experiência como essa foi feita apenas na Itália, onde se obteve a mesma resposta.

De acordo com Silva, isso quer dizer que o felino pode ser um transmissor em potencial. “Por isso, continuamos a pesquisa com mais 200 gatos da cidade, para que possamos ampliar essa comprovação”, revela, dizendo que não se pode colocar o bichano no mesmo degrau do cão. “O felino pode estar ajudando a manter a doença em circulação”, aposta. Para Ribeiro, o experimento é uma prova concreta de que a estratégia de matar cães contaminados está equivocada. “Não é a melhor forma, uma vez que a doença pode ser transmitida por outros animais. Há estudos que mostram que o gambá pode ser um transmissor. No Brasil, outras pesquisas têm mostrado o aumento da enfermidade na população felina e isso é preocupante”, comenta, sugerindo que a estratégia seria o controle do inseto.

Mas, mesmo conhecendo a pesquisa e reconhecendo a importância dela, autoridades municipais e estaduais não concordam que é preciso mudar as políticas públicas de controle da doença. “A política tem que ser baseada no reservatório da enfermidade, que é o cão. A pesquisa não tem importância epidemiológica definida”, defende o superintendente de Epidemiologia da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Francisco Lemos. De acordo com o secretário adjunto da SMSA, Fabiano Pimenta, a questão sobre o gato ainda não está evidenciada e haveria necessidade de expandir as pesquisas para comprovar a suspeita.

TratamentoEnquanto o Brasil continua entre os países que optam pelo sacrifício de cães, muitos veterinários já defendem o tratamento da doença nos cachorros, não para curá-los, mas controlar a enfermidade no animal, sem permitir que ela tenha potencial de transmissão. A psicóloga Flávia Damato apostou nessa alternativa. Dona de cinco cães, Flávia descobriu, no ano passado, que eles estavam doentes. “Não quis sacrificá-los e os veterinários indicaram o tratamento. Importei medicamentos da Espanha. Foram injeções diárias no primeiro mês. Atualmente, eles tomam medicamentos diários e sempre fazem exames para avaliar se tem havido transmissão”, conta, acrescentando que ninguém da família apresentou sintomas de uma possível infecção.

De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde, (SES), Minas registrou, em 2001 , 200 casos confirmados e, em 2010, foram 556. Segundo o superintendente da SES, Francisco Lemos, 57 pessoas perderam a vida, contra 25 naquele ano. O que equivale a crescimento de 128% na comparação anual do número de óbitos. Em Belo Horizonte, de acordo com Fabiano Pimenta, em 2009 houve 148 casos e, em 2010, 134. Neste ano, até maio, são 24. “Essa diminuição é a soma de vários fatores. Conseguimos aumentar a nossa capacidade operacional, fizemos 153 mil amostras em 2009, sendo 10.475 positivas. Em 2010, foram 196 mil exames. Não aumentamos o número de cachorros sacrificados, mas houve um crescimento na quantidade de testes”, detalha Pimenta.

COMENTÁRIOS

Autor: sydnei Silva
O objetivo de qualquer pesquisa é fornecer subsídios e respostas que possam auxiliar a sociedade na solução de problemas nos mais variados temas como saúde, economia, e etc. A pesquisa que o nosso grupo conduziu sobre a leishmaniose felina objetivou verificar a presença da doença entre felinos de BH,


Autor: Bruno M.
A GRANDE verdade é que a maioria dos donos não cuida do seus animais direito! Remédio pra pulgas? Nem pensar! Comprar coleira anti-mosquito? Absurdo! Aí da nisso! Quem tem animal deveria ter mais consciência isso sim! Se 90% usasse a tal coleira será que a doença estaria assim???


Autor: Guilherme Brandão
Janer, isso é o que o senso comum pensa. Ninguém está mais apto a transmitir doenças ao ser humano do que o próprio (e as mais graves). Apenas para ilustrar, leia um pouco sobre as inspeções em assentos de ônibus e a variedade de cistos de vermes que estão por lá, além de bactérias, conjuntivite...


Autor: Guilherme Brandão
Eles não são transmissores, são hospedeiros, da mesma forma que nós e vários outros mamíferos. Transmissor é o mosquito palha e o melhor que se pode fazer hoje é manter as coleiras repelentes em dia.


Autor: Marcelo Trivellato
Vamos ficar atentos. Esta reportagem trouxe depoimentos de pessoas sérias da PUC, UFMG, Sec. Municipal de Saúde e Sec. de Estado da Saúde. Ao que parece, foram 57 óbitos contabilizados em 2010, decorrentes da leishmaniose. É preciso que os criadores tenham consciência e remetam o caso às autoridades


Autor: felipe ribeiro
A reportagem sobretudo, deveria enfatizar os mecanismos de combate a doença ao invés de criar um verdadeiro terrorismo em torno dos animais que são vítimas da falta de cuidado humano.


Autor: Janer Moreira Lopes
A sociedade moderna adotou hábitos estranhos, como fazer de animais, entes queridos. Essa atitude vem comprometendo a saúde e higiene nas residencias, como também a boa convivência, pois temos de tolerar as sujeiras nas ruas e logradouros públicos.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Unesp realiza pesquisa sobre doença de Chagas e leishmaniose com animais atropelados

Curso Online de Educação Inclusiva 05.07.2011


Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) do campus de Botucatu estão recolhendo animais silvestres atropelados, para realizar pesquisas sobre algumas zoonoses.
Os estudos tentam compreender o mecanismo de transmissão de doenças como a leishmaniose e a doença de Chagas para os humanos.
Algumas descobertas já aconteceram durante o início dos estudos. Os especialistas notaram que os tatus são grandes hospedeiros de parasitas causadores de leishmaniose e doença de Chagas. Já o tatu-galinha, além de ser hospedeiro de patógenos causadores dessas duas doenças, também abriga os que provocam a paracoccidioidomicose, micose sistêmica de maior ocorrência na América Latina.
A pesquisadora Virgínia Bodelão Richini Pereira, do Núcleo de Pesquisa em Zoonoses da Unesp em Botucatu, que conduz o estudo explica que os locais onde esses animais vivem são comuns aos homens. No caso do tatu, muitas pessoas o usam na alimentação e, se a carne não for bem cozida, a pessoa pode se infectar?
De acordo com o médico veterinário Helio Langoni, supervisor do estudo, algumas das espécies estudadas estão na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês), o que dificulta o acesso aos exemplares vivos.

A morte de animais silvestres por atropelamento é considerada uma das maiores causas de perda de biodiversidade da fauna, principalmente de espécies em risco de extinção. A utilização desses bichos em pesquisas traz vantagens, pois não há necessidade de anestesia e eutanásia.



Fonte: Diário do Grande ABC

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Profissionais de Saúde Pública de MS se atualizam sobre leishmaniose visceral

Da assessoria/PP

Em função dos casos de leishmaniose visceral e mortes no Estado do Mato Grosso do Sul, cerca de 100 profissionais de Saúde Pública dos municípios de Coxim, Alcinópolis, Rio Verde, São Gabriel do Oeste e Sonora, passarão por uma reciclagem e receberão informações sobre as atuais ferramentas disponíveis para o controle da leishmaniose visceral. O evento, que acontece no dia 7 de julho, em Coxim/MS, contará com a participação da Drª Vera Camargo, do Grupo de Estudos de Leishmaniose – SUCEN; Andrei Nascimento, Médico Veterinário e Gerente Técnico da MSD Saúde Animal; e Rose Fernandes, Coordenadora Técnica da BASF.

Apenas em Coxim, de 2010 até o momento, já foram confirmadas duas mortes humanas por conta da leishmaniose visceral. “O objetivo do encontro é apresentar aos profissionais da saúde das áreas mais críticas do Estado as mais recentes ferramentas disponíveis, que estão ao alcance das autoridades sanitárias para o controle desta endemia de grande impacto para a saúde da população. Além disso, vamos apresentar os métodos de controle que estão sendo praticados com sucesso por outras regiões do País”, esclarece o Médico Veterinário e Gerente Técnico da MSD Saúde Animal, Andrei Nascimento.

A leishmaniose é transmitida, principalmente, através da picada de um mosquito conhecido popularmente como “mosquito palha”. O cão tem um importante papel na manutenção da doença no ambiente urbano visto que pode permanecer sem sintomas mesmo estando doente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a leishmaniose visceral registra anualmente 500 mil novos casos humanos no mundo com 59 mil óbitos. Quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% das ocorrências. Na América Latina, ela já foi detectada em 12 países e, destes, cerca de 90%dos casos acontecem no Brasil, onde, em média, 3.500 pessoas são infectadas e o número de óbitos é de aproximadamente 200, anualmente.

Segundo Nascimento, Mato Grosso do Sul é um Estado considerado endêmico pelo Ministério da Saúde. “Por isso, é de extrema importância que as pessoas adotem medidas preventivas, como, por exemplo, o uso das coleiras impregnadas com Deltametrina a 4% nos cães para evitar que os mesmos sejam picados e se tornem fontes de infecção, para o ser humano, no meio urbano”, ressalta.

sábado, 2 de julho de 2011

Duas crianças foram a óbito em Cajazeiras.


Cajazeiras registra duas mortes por Leishmaniose em três meses
Cidades - 28.06.11 - 9:27

A gerente da Nona Gerência de Saúde de Cajazeiras Maura Sobreira alertou a população de Cajazeiras quanto a doença leishmaniose ou calazar. Segundo ela, duas crianças foram a óbito no município vítima da doença.

Os casos foram registrados na zona leste da cidade nas localidades de Campo do Vaqueiro e Campo da Brita. As mortes das crianças ocorreram nos meses de abril e junho. Conforme apuramos, uma das crianças passou período nas proximidades do lixão. E, só 15 dias após ter apresentado os sintomas da doença a criança foi levada até o hospital, e encaminhada para HU em Campina Grande. Ao retornar a Cajazeiras, ela veio a óbito dez dias depois.

A Secretaria de Saúde do município enviou técnicos ao local e fez um levantamento da situação tomando toda providência necessária para evitar que a doença se alastre. Segundo a coordenadora da Vigilância Ambiental Cristina foi realizada dedetização de toda área, recolhido todos os animais suspeitos, e aqueles com donos foi feita sorologia, sendo aguardado o resultado.

O que é Leishmaniose?

Causa da doença

A leishmaniose é uma doença não contagiosa causada por parasitas ( protozoário Leishmania) que invadem e se reproduzem dentro das células que fazem parte do sistema imunológico (macrófagos) da pessoa infectada.

Manifestação e características

Esta doença pode se manifestar de duas formas: leishmaniose tegumentar ou cutânea e a leishmaniose visceral ou calazar.

A leishmaniose tegumentar ou cutânea é caracterizada por lesões na pele, podendo também afetar nariz, boca e garganta (esta forma é conhecida como “ferida brava”). A visceral ou calazar, é uma doença sistêmica, pois afeta vários órgãos, sendo que os mais acometidos são o fígado, baço e medula óssea. Sua evolução é longa podendo, em alguns casos, até ultrapassar o período de um ano.

Transmissão

Sua transmissão se dá através de pequenos mosquitos que se alimentam de sangue, e, que , dependendo da localidade, recebem nomes diferentes, tais como: mosquito palha, tatuquira, asa branca, cangalinha, asa dura, palhinha ou birigui. Por serem muito pequenos, estes mosquitos são capazes de atravessar mosquiteiros e telas. São mais comumente encontrados em locais úmidos, escuros e com muitas plantas.

Além do cuidado com o mosquito, através do uso de repelentes em áreas muito próximas a mata, dentro da mata, etc, é importante também saber que este parasita pode estar presente também em alguns animais silvestres e, inclusive, em cachorros de estimação.

Sintomas

Os sintomas variam de acordo com o tipo da leishmaniose. No caso da tegumentar, surge uma pequena elevação avermelhada na pele que vai aumentando até se tornar uma ferida que pode estar recoberta por crosta ou secreção purulenta. Há também a possibilidade de sua manifestação se dar através de lesões inflamatórias no nariz ou na boca. Na visceral, ocorre febre irregular, anemia, indisposição, palidez da pele e mucosas, perda de peso, inchaço abdominal devido ao aumento do fígado e do baço.

Prevenção e tratamento

A melhor forma de se prevenir contra esta doença é evitar residir ou permanecer em áreas muito próximas à mata, evitar banhos em rio próximo a mata, sempre utilizar repelentes quando estiver em matas, etc.

Esta doença deve ser tratada através de medicamentos e receber acompanhamento médico, pois, se não for adequadamente tratada, pode levar a óbito.

FOLHADOSERTAO com o Portal CZN

Prevenção contra a leishmaniose em Belo Horizonte

LEISHMANIOSE

01/07/2011
PLs visam conter o crescimento da Leishmaniose em BH


Entre as grandes cidades, Belo Horizonte é a que mais sofre com a ocorrência de Leishmaniose Visceral (LV), que acomete humanos. Para evitar que a doença se alastre, dois projetos de lei tramitam na Câmara e propõem a castração de animais de rua e a vacinação gratuita de cães contra a doença.

O PL1082/2010, de autoria do vereador Sério Fernando (PHS), dispõe sobre a vacinação gratuita de cães contra a doença. A vacinação será feita mediante campanha anual, com ampla divulgação. O projeto aguarda apreciação em Plenário no 1º turno.

Para o autor, o projeto se faz necessário para conter o avanço da doença, que cresce diariamente. “É fundamental que o município passe a desenvolver ações para oferecer a vacina contra a Leishmaniose Visceral para todos os cães”, defende.

O PL 282/2009, do vereador Hugo Thomé (PMN), amplia a capacidade dos Centros de Esterilização de Cães e Gatos (Centro de Controle de Zoonoses, Centro de Esterilização de Cães e Gatos Noroeste e Oeste) para esterilização de animais de rua em todos os distritos sanitários da capital. A proposição aguarda apreciação em 2º turno em Plenário.

A ação integrará o Programa de Controle Populacional de Cães e Gatos e destina-se a impedir o crescimento da população de animais de rua, que servem de vetor para a transmissão de doenças. “O aumento desordenado do número de cães e gatos de rua torna necessária a castração dos animais, sendo uma solução definitiva para o problema”, afirma Thomé.

Aumento de casos

Segundo dados da PBH, até o mês de junho deste ano já foram detectados 24 casos de Leishmaniose em humanos. Em 2010, dos 134 casos registrados, 21 resultaram em morte. Em 2011, a Prefeitura sacrificou mais de três mil animais com a doença. O tratamento de cães não é uma medida recomendada, já que as tentativas de tratamento da Leishmaniose Visceral Canina por meio de drogas tradicionalmente empregadas podem levar ao risco de selecionar parasitas resistentes às drogas utilizadas no tratamento de humanos.

Superintendência de Comunicação Institucional

Seminário promovido pelo Deputado Estadual - Feliciano Filho

Feliciano publica relatório do Seminário de LVC

O deputado estadual Feliciano Filho (PV-Campinas) promoveu no dia 18 de junho de 2010 o maior seminário sobre Leishmaniose do Brasil. Realizado no Auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa de São Paulo, o evento reuniu os maiores especialistas do país para debater o assunto.

Vítor Márcio Ribeiro, que é médico veterinário e professor da PUC-MG, palestrou sobre os aspectos éticos e técnicos da Leishmaniose Visceral Canina e traçou parâmetros de como a doença é tratada no Brasil e no mundo.
Marcio Antoninio Moreira é o responsável pelo laboratório do hospital veterinário da Universidade Anhembi Morumbi e esclareceu as formas de controle e prevenção da Leishmaniose.

Como tudo o que não é de conhecimento da população, a Leishmaniose também é alvo de algumas informações desencontradas e veiculadas por pessoas que não conhecem o assunto. Mestre em Imunologia das Leishmanioses pela USP/SP, André Luís Soares da Fonseca, médico veterinário e advogado, esclareceu as verdades sobre a doença e tranqüilizou os participantes quantos aos mitos criados, principalmente através da internet.

O veterinário Fábio Nogueira esclareceu sobre as manifestações clínicas e como funciona o ciclo epidemiológico da Leishmaniose.

Muito se engana quem pensa que a Leishmaniose é motivo de discussão apenas no campo da medicina veterinária ou da biologia. No campo jurídico a enfermidade também provoca boas discussões. O advogado Sérgio Cruz, membro da Comissão de Meio Ambiente da OAB/MG, explanou sobre um caso em que Belo Horizonte foi obrigada a pagar uma indenização de R$ 40 mil por ter matado o animal de um munícipe.

Doutorado em saúde Pública Tropical pela Harward University, em 1997, o epidemiologista Carlos Henrique Nery Costa esclareceu que apenas no Brasil os animais portadores de Leishmaniose são exterminados. “Infelizmente o Brasil é o único país do mundo que não segue as normas internacionais no combate e tratamento da Leishmaniose e para nenhuma endemia. Apenas para o tratamento de HIV seguimos o que é preconizado mundialmente. Matar os animais não resolve a problemática da Leishmaniose”, explica o especialista.

“Cansado de assistir a incompetência dos governos, resolvi ir além das minhas prerrogativas, que é a de fiscalizar. Por isso, resolvi promover esse seminário sobre Leishmaniose para trazer toda a verdade a tona”, conclui o parlamentar paulista.

Confira abaixo o relatório do Seminário sobre LVC:

O deputado estadual Feliciano Filho promoveu no dia 18 de junho de 2010, o seminário “Leishmaniose: matar animais resolve?”. Realizado no Auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa de São Paulo, o evento reuniu os maiores especialistas do país para debater o assunto, entre eles médicos veterinários, advogados, e um médico infectologista com Doutorado em Saúde Pública Tropical por Harvard-EUA.

Vítor Márcio Ribeiro
Médico Veterinário, professor da PUC-MG, graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (1980) , mestrado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (1988) e doutorado em Parasitologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2001) . Atualmente é Professor Adjunto III – Aulista da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Médico Veterinário da Clínica Veterinária Santo Agostinho, Conselheiro da ANCLIVEPA MG e Conselheiro suplente do CRMV-MG.

Sérgio Cruz
Advogado,faz parte da Comissão do Meio Ambiente da OAB/MG e assessor jurídico da ANCLIVEPA-Brasil

Fábio Nogueira
Médico Veterinário,professor da Fundação Educacional de Andradina/SP, Mestre e Doutor em Leishmaniose. Andradina –SP

André Luis Soares da Fonseca
Médico veterinário e advogado. Professor de Imunologia e Imunoclinica e Genética Médica da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Especialista e Direito Civil e Processual Civil. Mestre em Imunologia das Leishmanioses pela USP/SP e doutorando da USP/SP.

Carlos Henrique Nery Costa
1990 – 1996 Doutorado em Saúde Pública Tropical. Harvard University, HARVARD, Estados Unidos. 
1979 – 1982 Mestrado em Medicina Tropical. Universidade de Brasília, UNB, Brasil. 
1970 -1976 Graduação em Medicina. Universidade de Brasília, UNB, Brasil. �
2006 – atual: Coordenador Executivo da Rede Nordeste de Biotecnologia 
2003 – atual: Diretor do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella
1997 – atual: Supervisor da residência médica em Infectologia da UFPI
2011 – atual: Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

Marcio Antonio B. Moreira
Médico veterinário, dedicado ao diagnóstico laboratorial das doenças; graduado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP – Araçatuba); Mestrado em Fisiopatologia pelo Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), pesquisando o diagnóstico da leishmaniose visceral canina; Responsável pelo Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi (HOVET-UAM); Pesquisador do Laboratório de Patologia Animal da UNESP – Araçatuba.

Prof. Dr. Silvio Arruda Vasconcellos
Conselheiro Efetivo do CRMV-SP, Professor Titular de Zoonoses – Saúde Pública Veterinária da FMVZ/USP.

Com a proposta de discutir a atual política brasileira para o controle da doença no Brasil, que atualmente se concentra basicamente na eliminação do reservatório canino, o evento reuniu centenas de pessoas, na maior parte, ligadas à Saúde Pública no Estado de São Paulo.

A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença infecciosa, e não contagiosa, ou seja, não passa diretamente do cão para o homem, sendo o responsável pela transmissão o vetor Lutzomyia longipalpis (conhecido como flebótomo, ou mosquito palha). O cão é considerado o principal reservatório da Leishmania infantum, agente da doença, mas não é o único. Estudos científicos demonstraram que gatos, gambás e ratos podem ser encontrados infectados, e potencialmente poderiam ser reservatórios e fontes de infecção do flebótomo pelo agente. A LV é doença vetorial, sendo assim, a melhor forma de controle é o combate do vetor, o que acontece de forma muito precária no Brasil.

A prática da matança de cães como forma de controle da doença é usada no país desde 1963, por força de um Decreto Federal, porém o número de casos humanos só tem aumentado. Enquanto os esforços são concentrados na matança de cães, desvia-se o foco do problema central, que é o controle do vetor.

A Portaria Interministerial 1.426 de 2008, proíbe o tratamento da LV em cães com produtos de uso humano ou produtos não-registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Temos o conhecimento que existem atualmente no Brasil vários proprietários que tratam seus cães, por força de liminar, assim como médicos veterinários que conseguiram tal autorização, além de inúmeros casos onde o Estado foi obrigado a pagar multa por danos morais a proprietários que tiveram seus cães mortos.
Não existem evidências científicas que comprovem que a prática da eliminação canina em massa resolva o problema e controle o avanço da doença. O Brasil é o único país no mundo que mata cães como forma de controle leishmaniose.

Os atuais métodos diagnósticos utilizados no Brasil não são os mais aceitos pela OMS (Organização Mundial de Saúde), nem utilizados em países europeus, que tratam os animais doentes. Os exames realizados atualmente no Brasil apresentam baixa especificidade, que chega a 48% de erro no diagnóstico, resultando em muitas reações cruzadas com outras infecções, tais métodos deveriam ser usados apenas para levantamento epidemiológico (pesquisa de campo feita em uma determinada área para identificar os problemas de saúde que ameaçam a população) e nunca como critério de diagnóstico (aquilo que serve de norma para chegar a uma conclusão) da doença. Para um diagnóstico seguro, é necessária a realização da associação de mais um método diagnóstico, que comprove se o cão é ou não portador da infecção, conforme matéria publicada na FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (anexo).

Além disso, recente Revisão Sistemática encomendada pela OPAS/OMS (Organização PanAmericana da Saúde/Organização Mundial de Saúde) concluiu que mesmo com a eliminação dos cães nas últimas décadas, a incidência de Leishmaniose Visceral Humana manteve-se elevada, atribuindo a esse fato a baixa sensibilidade do teste de seleção, os longos atrasos entre o diagnóstico e o abate e a rejeição a esta intervenção por parte dos proprietários dos cães. Concluindo ao final: “Este estudo não demonstrou efeito positivo do abate de cães como medida de controle de infecção em humanos e cães.”, e continua “No entanto, o número crescente de casos verificados de LV no Brasil e a expansão da transmissão em áreas anteriormente não afetadas levantam dúvidas sobre o impacto das medidas de controle atualmente utilizadas.”

Os animais são tidos como membros da família. Para a lei são considerados “coisas”, mas para a família que os abriga são bens de valor, possuem valor afetivo. A mesma revisão sistemática da OPAS/OMS concluiu que “O abate canino parece ser a intervenção menos aceitável ao nível da comunidade, por razões óbvias, e tem baixa eficiência devido à taxa de reposição dos cães eliminados.” Em muitos casos, a família que abriga este animal, na intenção de protegê-lo de ser morto, o esconde, ou o leva para outros locais onde possivelmente ainda não há a doença. A prática da matança antipatiza os fiscais de controle de saúde, prejudicando inclusive o controle de outras doenças como a dengue, e desprestigia o médico veterinário.

Sendo assim, para evitar que animais sejam mortos indevidamente, para diagnóstico de certeza da LVC, para o conhecimento real e preciso da quantidade de animais infectados com essa importante zoonose, a fim de proteger os humanos, entendemos que o procedimento diagnóstico mais eficaz e seguro seria através da realização da atual triagem sorológica (e.g., RIFI e ELISA), e nos cães com resultados positivos realizar a confirmação por algum dos métodos parasitológicos.

Programas de combate ao vetor e conscientização da população para evitar a proliferação do flebótomo, bem como o uso de medidas preventivas como vacinas e coleiras nos cães, são imprescindíveis de serem implantadas.

Somente embasados em dados técnicos confiáveis sobre o número real de animais infectados pela LV poderemos desenvolver técnicas eficazes para diminuir sua disseminação, possibilitando o controle ético e humanitário da doença e o correto tratamento em seres humanos.

Fonte: Feliciano Filho