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quinta-feira, 12 de setembro de 2013



Vacina elimina a leishmaniose

A imunização foi criada a partir de proteína presente no DNA do protozoário causador da doença. Testada em ratos, reduziu a carga parasitária em quase 100%. Especialistas acreditam que, no futuro, a substância poderá proteger animais e humanos

 
Vilhena Soares - Correio Brasiliense Publicação:12/09/2013 15:00Atualização:12/09/2013 16:01
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O primeiro impacto ao se falar da leishmaniose visceral é a polêmica em torno do sacrifício de animais de estimação que têm a doença — medida exigida pela falta de recursos totalmente eficazes para o tratamento e a prevenção da infecção. Mas a enfermidade também acomete os homens. Ataca as células de defesa e, se não contida, pode levar à morte. A estimativa é de que 12 milhões de pessoas no mundo tenham o problema, que, até hoje, é tratado de forma paliativa. Um grupo de pesquisadores indianos, porém, trabalha em uma vacina que pode barrar os estragos causados pelo Leishmania.


 A imunização vem do DNA do próprio parasita causador da doença. A fórmula obteve sucesso ao ser testada em ratos, eliminando grande parte dos agentes infecciosos dos roedores. Mas os pesquisadores trabalham com a possibilidade de usá-la também em humanos. “A leishmaniose é uma doença complexa. Afeta cerca de 12 milhões de pessoas em todo o mundo e 500 mil novos casos são relatados anualmente. As drogas utilizadas no tratamento são muito tóxicas e caras e, frequentemente, surge resistência contra esses medicamentos. O maior impulso da investigação nessa área é desenvolver uma vacina eficaz contra a leishmaniose visceral”, justifica Amitabha Mukhopadhyay, pesquisadora do National Institute of Immunology de Nova Délhi e integrante do estudo.

Os pesquisadores retiraram uma proteína presente no DNA do Leishmania chagasi que codifica um receptor envolvido com a sobrevivência do causador da doença. O protozoário necessita de ferro para sobreviver, mas não faz isso sozinho. Tira a substância da hemoglobina de seu hospedeiro. Os cientistas modificaram geneticamente a proteína, criando a substância HBR. A vacina com a HBR foi aplicada em ratos infectados com a leishmaniose visceral. “Nossos resultados mostraram que a vacinação com o HBR em camundongos e hamsters inibiu mais de 99% da carga parasitária no baço e no fígado dos animais”, explica Mukhopadhyay. O trabalho foi divulgado hoje na revista científica Science Translational Medicine.

Método promissor

Para a veterinária Valéria Marçal, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araçatuba, a vacina de HBR obteve resultados promissores nos testes, o que pode ser explicado pelo método escolhido. “Uma vacina feita de DNA seria uma desvantagem, teoricamente falando, porque esse tipo de imunização é pouco estudado, é difícil saber se acontece a integração dela ao genoma do hospedeiro. Acredito que a escolha da proteína para a modificação foi essencial, já que ela é conservada em todas as espécies de Leishmania e poderia, futuramente, ser usada no tratamento de outros subtipos da doença”, analisa.

Mukhopadhyay também destaca, no artigo, a possibilidade de utilização da vacina em outros tipos de contaminação da leishmaniose. “Nossos resultados demonstram que essa vacina oferece maiores vantagens sobre outras já desenvolvidas porque utiliza uma substância que atua em uma etapa importante no ciclo de vida do parasita e que está presente em várias espécies de Leishmania. O antígeno HBR pode ser um candidato potencial no combate a diferentes formas de leishmaniose”, projeta o pesquisador.

Sydney Silva, veterinário e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), reconhece os bons resultados do experimento, mas acredita que mais testes deverão ser feitos para uma aplicação clínica da vacina “São resultados muito bons e promissores e devem ser conduzidos em outros modelos da doença. Não dá para prever como a vacina se comportará se testada em cães, por exemplo, porque é uma outra espécie animal com suas particularidades”, declara.
Silva também acredita na possibilidade de que a descoberta culmine também em uma imunização de humanos. “Vale ressaltar que esses resultados animadores foram obtidos em modelos de leishmaniose visceral em ratos e que devem ser confirmados em outros modelos como o cão, primatas não humanos e, finalmente, os humanos. Até lá, muito esforço e tempo ainda devem ser despendido.”

Mais comum em humanos
Existem três tipos de leishmaniose: a visceral, que ataca os órgãos internos; a cutânea, que ataca a pele; e a mucocutânea, que ataca as mucosas e a pele. A doença acomete cães, lobos, roedores silvestres e o homem. tipo mais comum em humanos é a visceral. De acordo com o Ministério da Saúde, de 2000 a 2011, a doença provocou mais de 2.600 mortes em todo o Brasil.

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