Grande Otelo

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Tela feita pelo grafiteiro CRÂNIO, em apoio à campanha.

Apoio de várias celebridades

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Hebe Camargo num lambeselinho em Grande Otelo, mascote da campanha.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Leishmaniose Visceral - Cães são eutanasiados em Florianópolis

Saúde pública monitora novos casos de leishmaniose visceral em cães, em bairros de Florianópolis

Técnicos do Centro de Zoonoses ampliam investigação laboratorial e medidas de prevenção a comunidades da encostas do Saco Grande, Monte Verde e Itacorubi; doença também contamina seres humanos

Edson Rosa 
FLORIANÓPOLIS

Flavio Tin/ND
Cachorro de sete anos de Ivanor Cezário precisou ser sacrificado

Mesmo classificada como “caso isolado”, a recente contaminação de cachorro doméstico por leishmaniose visceral no alto da comunidade da Pedra de Listras, no Saco Grande, ampliou a área de monitoramento do Centro de Controle de Zoonoses de Florianópolis. A investigação que desde 2010 abrangia basicamente a região da Lagoa da Conceição [Costa, Araçás, Canto e morro do Assopro] se estende à encosta do maciço Central, entre os bairros Cacupé, Monte Verde e Itacorubi.
O monitoramento no maciço norte da Ilha, região de maior concentração de mata atlântica da cidade, começou há três meses. Em março, cachorro de sete anos criado pelo construtor Ivanor Sezário, 55, foi diagnosticado em estado terminal e, como é recomendado nestes casos, foi sacrificado, informa o diretor do Centro de Zoonoses, veterinário Fábio Indá, 29. A eutanásia é necessária porque animais infectados são permanentes hospedeiros do protozoário Leishmania chagasi, transmitido pela picada do mosquito-palha, que também atinge seres humanos e pode causar morte.
O caso deste ano em área de mata atlântica urbanizada foi confirmado por laudo do Lamuf (Laboratório Municipal de Florianópolis). O documento é assinado pela farmacêutica Roniele Balvedi Iacovski e pela médica veterinária Caroline Ricci Müller, após dois tipos de investigação no cachorro de Sezário - exames laboratoriais e testes sorológicos (Elisa e reação de imunofluorescência).
Nos cães, os sintomas são crescimento exagerado das unhas, fraqueza, magreza absoluta e, às vezes, queda de pêlos. A situação, segundo Indá, está controlada, embora recomende atenção aos moradores das áreas de risco.
“A região será incluída no mapeamento das equipes de rua, que nos três últimos anos fazem o controle na região da Lagoa”, garante o veterinário. O controle consiste em testes laboratoriais em animais suspeitos e dos que circulam no raio de convivência deles, distribuição de folhetos informativos e dicas de prevenção.
Três anos de vigília na Lagoa
O primeiro surto de leishmaniose visceral canina em Florianópolis ocorreu em 2010 no Canto Araçás e na Costa da Lagoa, no lado oposto, ou seja, na vertente leste do mesmo morro. “Estamos preocupados, há outros cachorros doentes na comunidade”, diz Ivanor Sezário, que mora nas últimas casas da rua Pedra de Listras, algumas encobertas por copas de garapuvus e outras espécies da mata atlântica.
Para tranquilizar a população, o veterinário Fábio Indá informa que entre 10 de março e 30 de abril foram retiradas amostras de sangue de 78 cães da comunidade. O teste foi positivo apenas no animal criado por Sezário. “Vamos voltar lá e fazer novo levantamento”, anuncia o veterinário. Uma das recomendações dele para quem mora em áreas de mata é manter o entorno da casa sempre limpo e coleiras repelentes, com a substância deltametrina, nos animais caseiros.
Cerca de 70% dos casos de leishmaniose são urbanos. Em 2005, por exemplo, mais de cem pessoas foram infectadas no Vale do Itajaí, conforme pesquisa para tese de doutorado defendida na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) pela epidemiologista Mariel Marlow.
Outra constatação dela é que a doença está em expansão no Brasil, com novos casos predominantemente urbanos e a maioria com origem no Estado. Os primeiros registros em Santa Catarina foram em Quilombo e Coronel Freitas, no Oeste, em 1987. Inicialmente, o número de casos por ano era reduzido, e em sua maioria importados de outros estados onde a doença era endêmica.
Vacina cara só na rede particular
Cara e importada dos Estados Unidos, a vacina não está disponível na rede pública de saúde do Estado. Em Florianópolis, pode ser encontrada em parte da rede particular de veterinárias e pet shops e compradas por encomenda. São três doses aplicadas anualmente, a preços que variam entre R$ 150 e R$ 200 a unidade.
Existe a vacina Leish-tech fabricada no Brasil. Ela é feita junto a UFMG do Laboratório Hertape-Calier . A Leishmune é vendida pelo laboratório TEUTO que assumiu a Pfizer. A primeira tem causado menos reações nos cães. Na verdade a informação correta é: a vacina deve ser aplicada em 3 doses de 21 em 21 dias (religiosamente), nem 20 e nem 22, e depois uma dose anualmente. Tem a coleira scalibor, que é muito eficaz, pois além de repelir o inseto ela mata, pois os 4% de deltametrina contidos na coleira, ficam na camada de gordura do cão, criando assim uma barreira entre a pele e o sangue do animal. A maioria dos insetos, como carrapato, são encontrados mortos no pelo dos cães. O custo benefício da coleira é muito bom, pois ela tem a duração de até 6 meses no animal. 
A leishmaniose se manifesta de forma variada, com feridas que não cicatrizam nem doem, e lesões na boca e nariz. No homem, a doença tem cura clínica, mas o parasito sempre ficará no organismo, podendo novamente provocar feridas.  
A doença pode ser curada nos homens, não nos animais. Os antimoniais pentavalentes, por via endovenosa, são as drogas mais indicadas para o tratamento, apesar dos efeitos colaterais adversos. Também é utilizada a anfotericina B, cujo inconveniente maior é o alto preço do medicamento. Uma nova droga por via oral, a miltefosina, tem-se mostrado eficaz no tratamento.
A regressão dos sintomas é sinal de controle, mas a doença pode reincidir até seis meses depois do tratamento. Pessoas e animais infectados são considerados reservatórios da doença, porque o mosquito, ao sugar o sangue destes, pode transmiti-lo a outros indivíduos ao picá-los. Em região rural e de mata, os roedores e raposas são os principais vetores.
FIQUE POR DENTRO

O que é
Doença transmitida pelo mosquito-palha ou birigui (Lutzomyia longipalpis) que, ao picar, introduz na circulação do hospedeiro o protozoário Leishmania chagasi.
A transmissão do parasita ocorre apenas através da picada do mosquito fêmea infectado. Na maioria dos casos, o período de incubação é de dois a quatro meses, mas pode variar de dez dias a 24 meses.
Sintomas no homem
Febre intermitente com semanas de duração, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia, palidez, aumento do baço e do fígado, comprometimento da medula óssea, problemas respiratórios, diarreia, sangramentos na boca e nos intestinos, feridas que não cicatrizam.
Sintomas no cachorro
Crescimento exagerado das unhas, magreza extrema, fraqueza, queda de pelagem e feridas.
Diagnóstico
Além dos sinais clínicos, existem exames laboratoriais - testes sorológicos (Elisa e reação de imunofluorescência), e de punção da medula óssea para detectar a presença do parasita e de anticorpos.
Prevenção
Manter a casa limpa e o quintal livre dos criadores de insetos e das fezes de cães.
O mosquito-palha vive nas proximidades das residências, em lugares úmidos, mais escuros e com acúmulo de material orgânico. Ataca nas primeiras horas do dia ou ao entardecer.
Use coleira repelente em seu animal. (Só a #scalibor repele totalmente o mosquito da leishmaniose.)
Coloque telas nas janelas e embale sempre o lixo.
Casos de leishmaniose são de comunicação compulsória ao serviço oficial de saúde.
Em casos de ferida que não dói e que não cura, procure o serviço de saúde.
Cães de rua devem ser recolhidos e castrados e se possível, encoleirados.


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